Sustentabilidade
Desafios
da década
20-30
Intro.
Este ano o mote da Conferência Anual do BCSD Portugal foi “Sustentabilidade: desafios da década 20-30”.
Foi também o momento para encerrar as celebrações dos 20 anos do BCSD Portugal, enquanto se debatem os desafios da década com um painel de especialistas nacionais e internacionais.
No 1º dia, focou-se na construção de um futuro tendo por base os 4Ps: «People, Planet, Profit & Purpose». Contámos com um grupo de ilustres especialistas de diversas áreas para refletir sobre como estes grandes temas serão determinantes para a década.
O 2º dia foi dedicado às empresas-membro do BCSD Portugal e às suas seis áreas de trabalho, para discutir os desafios que enfrentam, apresentar case studies e ouvir testemunhos de especialistas de diversas áreas e competências, em painéis concebidos em colaboração com as empresas.
ESTUFA FRIA — LISBOA
Conferência Anual 2021
24.Nov
Dia 01.
09h00-09h55 |
ABERTURAJoão Pedro Matos Fernandes, Ministro do Ambiente e da Ação Climática |
09h55-10h20 |
KEYNOTE SPEAKERPeter Bakker, Presidente do World Business Council for Sustainable Development |
10h20-10h40 |
Pausa |
10h40-11h55 |
People : desafios da diversidade e da inclusão socialJorge Moreira da Silva, Diretor de Desenvolvimento e Cooperação, OCDE (15 min keynote) |
12h00-13h15 |
Planet : respeitar os limites planetáriosMiguel Araújo, Professor Catedrático de Biogeografia Universidade de Évora (15min keynote) |
14h30-14h55 |
KEYNOTE SPEAKERLeyla Acaroglu, Fundadora & CEO, Disrupt Design e The UnSchool |
15h00-16h15 |
Profit : novos modelos de negócio para a sustentabilidadePhilippe Schuler, Global Impact Manager, Too Good to Go (15min keynote) |
16h20-17h35 |
Purpose: o papel dos valores e de uma boa governanceAndrew Winston, Fundador, Winston Eco-Strategies (15 min keynote)
|
17h35-18h00 |
Pausa |
18h00-18h25 |
KeyNote SpeakerJohn Elkington, Fundador & Chief Pollinator, Volans Ventures |
18h25-18h30 |
EncerramentoMarcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República
|
25.Nov
Dia 02.
09h30-10h00 |
ABERTURAInês Costa, Secretária de Estado do Ambiente |
10h00-11h15 |
Ambição 2030: a agenda comum das empresas pela sustentabilidade(patrocinado por NTT DATA Portugal & Brisa) +
|
11h15-11h45 |
Pausa |
11h45-13h00 |
DESCARBONIZAR A ECONOMIA(patrocinado por EDP & SECIL) +
|
14h00-15h00 |
ATUAR PELA NATUREZA(patrocinado por The Navigator Company & Sonae) Alain Vidal, Technical Director, Science Based Targets Network
|
15h00-16h00 |
INOVAR PARA A CIRCULARIDADE(patrocinado por Jerónimo Martins) +
|
16h00-16h30 |
Pausa |
16h30-17h30 |
VIVER AS CIDADES(patrocinado por BNP Paribas & GALP)
|
17h30-18h30 |
FINANCIAR A SUSTENTABILIDADE(patrocinado por Grupo Ageas Portugal) +
|
18h30-19h00 |
ENCERRAMENTOJoão Meneses e equipa BCSD Portugal |
Oradores confirmados

Alain Vidal
Technical Director, Science Based Targets Network
Painel: Atuar pela natureza

Alberto Pineada
Managing Director, SBTi
Painel: Descarbonizar a economia

Andrew Winston
Fundador, Winston Eco-Strategies
Purpose: o papel dos valores e de uma boa governance

André Veríssimo
Jornalista ECO
Profit: novos modelos de negócio para a sustentabilidade

António Miguel
Fundador e Managing Partner, Maze Impact
Painel: Financiar a Sustentabilidade

António Pires de Lima
CEO, Brisa
Painel: Ambição 2030: a agenda comum das empresas pela sustentabilidade

Carlos Abreu
Administrador, Secil
Painel: Descarbonizar a economia

Carlos Costa Pina
Administrador Executivo, Galp
People: desafios da diversidade e inclusão social

Catarina Marques Rodrigues
Jornalista, RTP
People: desafios da diversidade e inclusão social

Claire O'neill
Managing Director, Climate & Energy, WBCSD
Painel: Descarbonizar a economia

Cristina Rocha
Investigadora, LNEG
Painel: Inovar para a circularidade

Eduardo Moura
Representante do Comité de Trabalho da Carta de Princípios do BCSD Portugal
Painel: Ambição 2030: a agenda comum das empresas pela sustentabilidade

Eva Zabey
Diretora Executiva da Business for Nature
Planet:respeitar os limites planetários

Fernando Ventura
Head of Efficiency and Innovation Environmental Projects, Jerónimo Martins
Painel: Inovar para a circularidade

Harry Verhaar
Head of Public & Government Affairs da Signify
Profit: novos modelos de negócio para a sustentabilidade

Henrique Pereira dos Santos
Arquiteto Paisagista, Técnico, ICNF
Painel: Atuar pela natureza

Inês dos Santos Costa
Secretária de Estado do Ambiente
Keynote speaker

Isabel Barros
Membro do Conselho de Administração, Sonae MC
Painel: Ambição 2030: a agenda comum das empresas pela sustentabilidade

Joana Marques
Humorista e locutora de rádio
Host

João Castello Branco
Presidente do BCSD Portugal e Presidente do Conselho de Administração da The Navigator Company
Keynote speaker

João Lé
Membro da Conselho Executivo, The Navigator Company
Painel: Atuar pela natureza

João Meneses
Secretário-Geral do BCSD Portugal
Host/ Keynote speaker

João Pedro Matos Fernandes
Ministro do Ambiente e da Ação Climática
Keynote speaker

John Elkington
Fundador & Chief Pollinator, Volans Ventures
Keynote speaker

Jorge Moreira da Silva
Diretor de Desenvolvimento e Cooperação da OCDE
People: desafios da diversidade e da inclusão social

José Reis Costa
Presidente da Administração, Grupo ProCME
Painel: Ambição 2030: a agenda comum das empresas pela sustentabilidade

Lars-Erik Fridolfsson
People & Culture Leader, Inter IKEA
People: desafios da diversidade e inclusão social

Leyla Acaroglu
Fundadora & CEO, Disrupt Design e The UnSchool
Keynote Speaker/ Profit:novos modelos de negócio para a sustentabilidade

Marc Pahalí
European Forest Institute, Leading The Prince of Wales’ Circular Bioeconomy Alliance
Painel: Atuar pela natureza

Marcel Hendriks
Environmental Service Leader for Spain & Portugal, ARCADIS
Painel: Viver as cidades

Marcello Palazzi
Global Embaixador, B Corp
Purpose: o papel dos valores e de uma boa governance

Margarida Couto
Senior Partner Grupo Vieira de Almeida & Associados
People: desafios da diversidade e da inclusão social

Margarida Sarmento
Sustainable Investments Manager, Grupo Ageas Portugal
Painel: Financiar a Sustentabilidade

Margarida Vaqueiro Lopes
Jornalista EXAME/ Visão
Purpose: O papel dos valores e de uma boa governance

Marième Rochi
Head of Company Engagement Projects & Partnerships, BNP Paribas CIB
Painel: Viver as cidades

Miguel Araújo
Professor Catedrático Universidade de Évora
Planet: respeitar os limites planetários

Miguel Setas
Executive Board Member, EDP
Painel: Descarbonizar a economia

Nuno Lacasta
Presidente, Agência Portuguesa para o Ambiente (APA)
Planet :respeitar os limites planetários

Patrícia Gonçalves
Administradora Executiva, Grupo Monte
Painel: Inovar para a circularidade

Pedro Barata
Partner, Get2C
Painel: Descarbonizar a economia

Pedro Beja
Pedro Beja, Vice-Diretor do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO); Cátedra EDP Biodiversidade
Painel: Atuar pela natureza

Peter Bakker
Presidente e CEO do WBCSD
Keynote Speaker/ Vision 2050:Principais riscos e oportunidades

Ricardo Neto
Presidente, ERP Portugal e Novo Verde
Painel: Inovar para a circularidade

Philippe Schuler
Global Impact Manager da Too Good to Go
Profit: novos modelos de negócio para a sustentabilidade

Roberto Fonseca
CEO, BNP Paribas Arval Portugal
Painel: Viver as cidades

Sofia Santos
Sofia Santos, Sustainability Champion in Chief at Systemic, Certified ESG Risk Analyst
Painel: Financiar a Sustentabilidade

Steven Braekeveldt
CEO, Grupo Ageas Portugal
Painel: Financiar a Sustentabilidade

Thomas Kolster
Fundador, Goodvertising Agency
Purpose: o papel dos valores e de uma boa governance

Tiago Barroso
CEO, NTT Data
Painel: Ambição 2030: a agenda comum das empresas pela sustentabilidade
Media
"A COP26 foi um ponto de inflexão. A verdadeira economia está agora à mesa"
Diário de Notícias
Nov 2021
People: desafios da igualdade e da inclusão social
A promoção do bem-estar das pessoas e a salvaguarda dos equilíbrios chave da biosfera devem ser sempre os objetivos centrais de qualquer modelo de desenvolvimento. São essas as duas dimensões-chave da sustentabilidade.
Neste painel, centrado no P de Pessoas, há dois desafios que nos propomos abordar: o da igualdade e o da diversidade.
A humanidade nunca foi tão rica, mas também nunca foi tão desigual na distribuição da riqueza. Antes da pandemia Covid-19, as 26 pessoas mais ricas do planeta detinham a mesma riqueza que metade da população mundial (i.e., quase quatro mil milhões de pessoas). Há ainda um longo caminho a fazer no domínio da promoção da diversidade para que as sociedades sejam espaços de inclusão, todas as pessoas tenham bem-estar e haja valorização da diferença. A construção de ambientes que acolham a enorme pluralidade de perfis sociais e culturais é um enorme desafio, do género á orientação sexual, da religião à cor da pele, da capacidade física à idade ao género, do estado civil às crenças e ideologias de cada um.
Mas não é só ao nível das sociedades que a igualdade e a diversidade são um ativo importante. Ao nível das empresas, para além da dimensão ética, contribuem decisivamente para a motivação dos colaboradores, para a capacidade criativa e de inovação permanente, e a compreensão e empatia com os diversos stakeholders. Como diversos estudos demonstram, não apenas as pessoas são o capital mais importante das empresas, como maiores níveis de igualdade e diversidade podem ser um dos elementos diferenciadores mais importantes para a sua competitividade e resiliência.
Planet: respeitar os limites planetários
Só é possível mais de 9 mil milhões de pessoas viverem bem no planeta Terra se os seus limites forem respeitados. Porém, desde 1970 que, todos os anos, a humanidade atinge cada vez mais cedo o limite do uso sustentável de recursos naturais, ou seja, o Overshoot Day. Este ano, em Portugal, ocorreu no dia 13 de maio. Ou seja, seriam necessários mais de dois planetas Terra para que o nosso modelo de desenvolvimento e estilos de vida fossem sustentáveis, isto é, viáveis. A má notícia é a de que só temos um planeta (e emigrar para Marte não é solução).
Mas a pressão dos nossos atuais níveis e padrões de produção e consumo não coloca apenas em causa os recursos naturais. Põe em causa outros equilíbrios e limites da biosfera que também são essenciais para o futuro do planeta e da humanidade.
Por exemplo, limitar o aquecimento da Terra a 1,5ºC é um desafio urgente e global, de modo a evitar eventos climáticos extremos cada vez mais violentos, desflorestação e perda de biodiversidade, acidificação dos oceanos e o degelo em larga escala. Todos estes fenómenos têm não só impactos sérios ao nível da biosfera, mas também profundas consequências sociais e económicas.
As empresas têm, por um lado, um impacto enorme no planeta e, por outro, recursos extraordinários para poderem intervir em prol de um mundo mais sustentável. As suas cadeias de valor e modelos de negócio devem procurar soluções regenerativas, isto é, que não só procurem minimizar os impactos negativos no ar, na água e no solo, mas ter um impacto positivo na biosfera e ecossistemas.
Profit: novos modelos de negócio para a sustentabilidade
Um dos debates mais importantes, criativos e intensos dos últimos tempos – e que se acentuou durante a pandemia Covid-19 – é o da reinvenção do capitalismo e do conceito de empresa – a sua célula base. Desde o início deste século tivemos já duas crises económicas globais sérias e o nosso modelo de desenvolvimento atual tem vindo a dar cada vez mais sinais de exaustão e fragilidade, isto é, de insustentabilidade.
Mais especificamente, têm vindo a ser cada vez mais questionadas as premissas da ciência económica que sustenta o modelo de capitalismo que surgiu e deu apoio à Revolução Industrial e às democracias liberais, no século XVIII. Basicamente, há três premissas em debate e revisão:
- A de que, levados por uma mão invisível, no futuro estaremos todos melhor do ponto de vista económico, ainda que, até lá, possamos ter de lidar com externalidades negativas, de carácter social e ambiental. Ora, as pessoas e o planeta não podem ser considerados externalidades do modelo, mas sim centralidades;
- A ideia de que o indicador de bem-estar e progresso é a riqueza, nomeadamente, o PIB. Hoje, é mais ou menos consensual que há outros indicadores, mais abrangentes, que devem ser adotados como indicadores de desenvolvimento. Na década de 1970, as Nações Unidas propuseram o IDH – Índice de Desenvolvimento Humano, acrescentando à dimensão económica (PIB), as dimensões saúde e educação. Hoje, há vários outros indicadores que podem ser adotados, ainda mais abrangentes. Por outro lado, acresce que o PIB e o lucro das empresas não incorporam os seus impactos nos ecossistemas e na biosfera – por exemplo, poluição e resíduos, emissão de gases com efeito de estufa para a atmosfera e usufruto de serviços de ecossistema essenciais para o desenvolvimento da sua atividade;
- O excesso de orientação do sistema para o curto prazo, com a generalidades das análises de performance e de gratificação dos gestores e das empresas a fazer prevalecer o curto prazo sobre o longo prazo, muitas vezes o trimestre ou o semestre. O planeta precisa de soluções no curto prazo, mas sobretudo de orientar o seu modelo de desenvolvimento para o longo prazo, para as futuras gerações. O horizonte tem de ser 2050 ou 2100.
O capitalismo do século XXI que as empresas sejam capazes de incorporar os impactos da sua atividade nos seus resultados económicos, mas, sobretudo, que tornem as suas cadeias de valor (muito) mais circulares e encontrem novos formatos de modelo de negócio – por exemplo, assentes na prestação de serviços, em vez da venda de produtos, como é próprio da economia da partilha. Sendo as empresas atualmente mais de 60 das 100 maiores economias do mundo, qualquer alteração nos seus modelos de negócio terá impactos diretos e de grande escala para o mundo.
Purpose: o papel dos valores e de uma boa governance
As novas gerações de consumidores preferem opções de consumo com um impacto positivo no mundo, isto é, querem exercer a sua cidadania através das suas decisões de consumo. O mesmo se aplica às novas gerações de trabalhadores, que, cada vez mais, preferem empresas com propósito, isto é, que não se preocupam apenas com os resultados económicos. Acresce que tanto investidores, como reguladores, exigem cada vez mais a integração dos fatores ESG no modelo de negócio das empresas, ou seja, que as empresas atribuam a mesma importância que dão ao lucro às dimensões sociais, ambientais e de boa governança (i.e., ética e transparência de gestão).
Mas o P de Propósito exige mais do que a integração dos fatores ESG na gestão das empresas. Exige, também, a revisão da sua missão e visão, isto é, uma reavaliação do seu papel societal. A transição de uma shareholder economy para uma stakeholder economy exige que as empresas sejam capazes de ser veículos não apenas de geração de riqueza para os seus acionistas, mas também de geração de outros tipos de valor para um grupo mais alargado de stakeholders. Ora, a geração de valor social e ambiental exige uma noção de propósito.
A boa notícia é que as marcas mais resilientes e competitivas serão as que estiverem orientadas para os 4Ps e não apenas para o P de Profit. Para tal, as empresas têm de adotar uma missão mais abrangente e ambiciosa, bem como princípios ESG robustos – que se poderão traduzir em várias inovações ao longo da cadeia de valor, e em novas estratégias e políticas de investimento, procurement, recrutamento e reporting.
AMBIÇÃO 2030: A AGENDA COMUM DAS EMPRESAS PELA SUSTENTABILIDADE (sponsored by NTT Data)
O mundo enfrenta três desafios críticos: emergência climática, perda da natureza e a crescente desigualdade. A pandemia COVID-19 veio evidenciar que estes desafios estão interligados e que os sistemas atuais estão mal preparados para enfrentar este tipo de choques.
Estão a ser feitos progressos em várias partes do mundo e em várias áreas-chave, tais como energia, alimentação, natureza, mobilidade, economia circular e na área social, mas, no geral, as ações para cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, das Nações Unidas, até 2030 e os objetivos estabelecidos pelo Acordo de Paris, ainda não estão a avançar com a velocidade e a escala necessárias para a sua concretização. São necessárias transformações sistémicas para enfrentar os desafios e as empresas têm um papel muito importante a desempenhar na transformação da forma como produzimos e consumimos os bens que adquirimos, determinamos o tipo de energia que utilizamos, oferecemos soluções para a forma como vivemos, trabalhamos e transportamos a nós próprios e os materiais que utilizamos e desperdiçamos. Estas requerem, contudo, colaboração, ambição e a tomada de decisões urgentes.
É, por isso, fundamental que todas as empresas estabeleçam e implementem planos de ação para enfrentar os principais desafios globais durante esta década.
Nesse sentido, antecedendo o debate que está previsto com este painel, será apresentada publicamente a Jornada 2030 da Carta de Princípios do BCSD Portugal, que constitui o instrumento que ajudará as empresas portuguesas a alinhar e demonstrar o seu contributo para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), das Nações Unidas, a estratégia da EU e de Portugal.
O painel irá, posteriormente, debater soluções possíveis para a concretização da jornada para a sustentabilidade até 2030, que envolvam abordagens de cadeia de valor e impulsionem soluções coletivas em escala.
DESCARBONIZAR A ECONOMIA (sponsored by SECIL e EDP)
Objetivos “Net Zero” e o papel dos mercados voluntários de carbono
Vivemos num contexto de emergência climática. As emissões provenientes da atividade humana, compostas principalmente por dióxido de carbono (CO2), em combinação com outros de gases com efeito estufa (GEE), continuam a aquecer o planeta. De acordo com o mais recente relatório do Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas (IPCC), se o atual ritmo de emissões de GEE se mantiver, o limite de 1,5ºC, fixado pelo Acordo de Paris em 2015, será ultrapassado já em 2040.
Limitar o aquecimento da Terra a 1,5⁰C implica reduzir para metade as emissões globais até 2030, o que obriga a acelerar bastante o processo de descarbonização em todo o mundo rumo à neutralidade carbónica até 2050.
Reconhecendo a gravidade da situação, agentes económicos um pouco por todo mundo têm procurado estabelecer compromissos e planos de ação para objetivos climáticos “net zero”, principalmente até 2030 ou 2050.
No entanto, alcançar objetivos “net zero” significa ter estratégias climáticas consistentes, que não podem ser apenas suportadas por mecanismos de compensação de carbono. Segundo a Ecosystem Marketplace (2021), nos primeiros oito meses de 2021, os mercados voluntários de carbono registaram um aumento de quase 60% em valor em relação ao ano passado, impulsionados pelo crescente interesse nos mercados de carbono para atingir as metas climáticas de Paris.
As compensações voluntárias de carbono não devem e nem podem ser a principal abordagem para anular as emissões de GEE do setor privado. A ênfase deve ser colocada na redução das emissões tanto quanto possível. No entanto, as compensações desempenham um papel de transição importante na neutralização de emissões que são mais difíceis de reduzir, ao mesmo tempo que servem como um importante mecanismo de financiamento para proteger o capital natural.
Neste painel serão, assim, debatidas as seguintes questões:
- Compreender a situação dos mercados de carbono, pós COP26. Onde estamos e para onde vamos?
- Qual o nível e ambição esperado dos diferentes setores de atividade e como podem as empresas trabalhar para tal?
- Como está o governo português a preparar os mercados voluntários, como instrumento de suporte à neutralidade carbónica?
Adicionalmente, serão também apresentados dois casos de estudo de soluções empresariais para a neutralidade carbónica através da redução de emissões de GEE.
ATUAR PELA NATUREZA
A jornada das empresas para um mundo positivo em natureza até 2030
A Natureza está longe de ser ilimitada e estudos científicos recentes alertam que o planeta está a perder biodiversidade e os ecossistemas naturais, e os serviços que estes proporcionam, estão a degradar-se a um ritmo sem precedentes, aproximando-se rapidamente de um ponto sem retorno (IPBES, 2019).
A par do aquecimento global, que é um dos principais motores desta grave perda, a preservação da natureza é um dos mais importantes desafios que a sociedade atualmente enfrenta. As pressões que impulsionam este declínio continuam a intensificar-se, com graves consequências para a saúde do planeta, para a sua prosperidade e para o bem-estar das espécies, incluindo a humana.
Para travar esta situação, é necessário o envolvimento de diferentes atores da sociedade, incluindo as empresas, que, simultaneamente, impactam na natureza e dela dependem, independentemente da sua dimensão, localização e setor de atividade. De acordo com estimativas do World Economic Forum em 2020, mais de metade do valor económico mundial gerado – 44 triliões de dólares – é moderada ou altamente dependente da natureza e, portanto, está exposto à perda da natureza, traduzindo-se em enormes riscos para as empresas e para as suas cadeias de valor.
Rumo à 15.ª Conferência das Partes (COP 15) na Convenção da Diversidade Biológica (CBD), que se vai realizar parcialmente em 2021 (outubro), e em 2022 (abril/maio), na qual vai ser aprovado um novo Quadro Global para a Biodiversidade com metas até 2030 e uma Visão para 2050, ONG, cientistas e outras organizações (incluindo empresariais) apelam por um objetivo global para a natureza – um mundo positivo em natureza (“nature-positive”) até 2030, ou seja, a diferença entre os ganhos e as perdas globais de natureza terá de ser positiva até 2030 – para orientar políticas e ações para lidar com a perda da natureza em todos os níveis da sociedade.
Todas as empresas e o setor financeiro são convidadas a ter um papel chave na concretização deste objetivo, avançando desde já com ações em prol da natureza e que contribuam para a minimização das pressões sobre a natureza e para a reversão das perdas.
Questões como “Que passos devem as empresas seguir na sua jornada para a biodiversidade?, “Qual o nível de ambição esperado para as empresas?”, “Como podem/devem agir na sua esfera de controlo e de influência, nomeadamente ao nível da cadeia e valor?” e “Como envolver as pequenas e médias empresas?”, serão debatidas neste painel.
INOVAR PARA A CIRCULARIDADE (sponsored by Jerónimo Martins)
A economia circular está a crescer nas agendas das empresas e dos Estados um pouco por todo o mundo. Contudo, a mudança para modelos de negócio verdadeiramente circulares, projetados sem resíduos nos sistemas, parece estar a evoluir lentamente. Atualmente, mais de 91% dos recursos naturais que utilizamos é desperdiçado1.
A necessidade da transição para uma economia circular é evidente e exige a dissociação do consumo de recursos e do desempenho económico, nomeadamente através da partilha de informação, da existência de políticas adequadas, de metas de circularidade estabelecidas com base na ciência, da colaboração nas cadeias de valor e de novos modelos de negócio circulares.
Avançar nesta jornada é complexo, só é possível quando toda a cadeia de valor está envolvida e requer competências multidisciplinares. No entanto, não acompanhar a mudança de paradigma através da inovação nos produtos, processos e modelos de negócio pode estar a colocar em causa a competitividade das empresas a médio e longo prazo.
À medida que os esforços da economia circular avançam, é, por isso, essencial criar um ambiente confiável onde a inovação e a circularidade possam prosperar e contribuir para a concretização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e do European Green Deal até 2030.
Temas em debate:
- Como é que as empresas estão a avançar na jornada para a economia circular e quais os principais desafios enfrentados?
- Como é que a economia circular se traduz em benefícios e vantagem competitiva para as empresas no curto, médio e longo prazos?
- Como é que as empresas podem alavancar e liderar a trajetória para modelos de negócios circulares?
- Exemplos de iniciativas e inovações que já estão a contribuir para acelerar a transição para um tecido empresarial mais circular.
VIVER AS CIDADES (sponsored by BNP Paribas)
As cidades são lugares para morar, trabalhar, estar e usufruir, e o desejo dos seus habitantes para o fazer está a crescer. De acordo com as Nações Unidas, metade da população mundial vive em cidades, prevendo-se que este número aumente para cerca de 2/3 em 2050.
Para o conceito de cidade em que esta pode ser vivida, é importante reinventarmo-nos. Os escritórios devem ser abertos e utilizados em benefício da cidade durante o dia, bem como à noite e nos fins de semana.
Cerca de 76% das emissões de gases com efeito de estufa (GEE) são geradas em áreas urbanas onde vive a grande maioria da população europeia. Os atores chave do ambiente urbano/das cidades são os municípios, o setor público Local (“LPS”) e as empresas, que com as suas competências essenciais (mobilidade, planejamento urbano, infraestruturas públicas, habitação, gestão de resíduos e água), estão numa posição única para fornecer soluções sustentáveis para a população urbana, impulsionar dinâmicas e colaborações locais, bem como investir em serviços, infraestruturas ou equipamentos públicos e privados.
O Pacto Ecológico Europeu e o pacote de medidas de estímulo pós-COVID 19, incluindo a transição energética, os aspetos ambientais e de investimentos sociais, vêm reforçar esta tendência.
Para promover o desenvolvimento das cidades de forma que estas possam ser vividas, de forma sustentável, por quem as habita, é necessária a colaboração de todos os stakheolders, bem como a mobilização de financiamento privado a par dos fundos públicos disponíveis.
FINANCIAR A SUSTENTABILIDADE (sponsored by Grupo Ageas)
Em resposta ao Acordo de Paris e aos compromissos assumidos pela União Europeia, o sistema financeiro tem um papel fundamental a desempenhar para alcançar a neutralidade carbónica e reduzir as desigualdades sociais.
Na jornada para uma economia mais verde e mais inclusiva é necessária a reorientação dos capitais privados para investimentos mais sustentáveis. Para os investidores isto significa integrar os critérios ESG (Environment, Social and Governance) nas decisões de investimento, resultando em investimentos de longo prazo em atividades sustentáveis. Para as empresas, significa trabalhar na integração de práticas sustentáveis, que garantam um impacto positivo do ponto de vista ambiental e social.
Este painel destacará o importante papel do setor segurador e dos fundos de pensões, enquanto gestores de grande parte dos riscos da sociedade e investidores de longo prazo, na transição para uma economia mais inclusiva e de baixo carbono.