Manifesto “Por um Acordo pela
Natureza na COP15″
5 de dezembro de 2022
Sem os ecossistemas e a biodiversidade que compõem a biosfera não haveria vida humana no planeta Terra. Porém, e apesar de metade da economia mundial depender de capital natural como matéria-prima, a delapidação dos ecossistemas e a perda de biodiversidade encontram-se atualmente no topo dos riscos ambientais globais, a par das alterações climáticas. Recentemente, o Painel Intergovernamental para a Biodiversidade e Serviços dos Ecossistemas (IPBES) publicou um relatório sobre o uso sustentável de espécies selvagens e os diversos serviços de natureza que evidencia a relevância crítica de cerca de 50 mil espécies de flora e fauna para a satisfação das necessidades humanas, desde logo, para a alimentação e a saúde.
A Humanidade está muito longe de fazer o suficiente para travar a perda de biodiversidade. O incumprimento de todas as Metas de Biodiversidade de Aichi, estabelecidas pelas Nações Unidas, em 2010, na 10ª Convenção sobre a Diversidade Biológica (CBD), que deveriam ter sido alcançadas até 2020, é um sinal evidente de que estamos a falhar na proteção da natureza. Temos agora os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030 das Nações Unidas, e o Pacto Ecológico Europeu (por exemplo, com ênfase nos eixos Estratégia de Biodiversidade para 2030 e Estratégia “Do Prado ao Prato”), para os quais a proteção e restauro dos ecossistemas e da biodiversidade são desafios chave a alcançar até 2030. A natureza é fonte de vida, saúde, bem-estar e desenvolvimento. Por isso, a valorização do capital natural tem de ser uma dimensão chave dos negócios, dos sistemas económicos e do nosso modelo de desenvolvimento.
A COP15 da Biodiversidade, que decorrerá em dezembro em Montreal (Canadá), tem como principal objetivo a adoção de uma Estratégia Global para a Biodiversidade Pós-2020, visando travar a perda global de biodiversidade até 2030 e promover a recuperação dos ecossistemas naturais. Esse enorme desafio obriga à convergência ativa de todos: setor público, setor privado, universidades, sociedade civil e cada um de nós individualmente.
Ao nível das políticas públicas, são necessárias medidas eficazes que assegurem a proteção da biodiversidade e dos ecossistemas, e o restauro e valorização do capital natural. O desafio do combate às alterações climáticas depende também e em larga escala do contributo da natureza. Por isso, defendemos o reforço dos incentivos à transição para um novo paradigma de bioeconomia circular e de baixo carbono, assente em matérias-primas preferencialmente de origem biológica, renováveis e com níveis de desperdício próximos de zero.
Já ao nível das empresas, é fundamental que estas (i) monitorizem e divulguem as suas dependências e os impactes das suas cadeias de valor sobre o capital natural, permitindo aos seus clientes e investidores tomar decisões de consumo e investimento mais informadas, que (ii) estabeleçam planos de ação com metas claras, ambiciosas e alinhadas com a ciência de valorização da biodiversidade e do capital natural, procurando tornar os seus modelos de negócios regenerativos, isto é, com impacte positivo na biosfera e iii) contribuam para a consciencialização coletiva sobre a importância do tema da biodiversidade, bem como para a partilha de boas práticas e a construção de parcerias positivas. Caberá às políticas públicas incentivar e reconhecer as empresas que melhor cumpram estas três prioridades.
Urge reverter a perda de biodiversidade global e transitar, através da inovação, para um paradigma de economia regenerativa ou “nature positive”. O BCSD Portugal apela, assim, a que COP15 da Biodiversidade seja um momento de viragem para o reconhecimento da importância da natureza para as nossas vidas e economias, e para a ação coletiva urgente em prol da proteção e valorização da biodiversidade e do capital natural.
Notícia do Manifesto publicada no Diário de Notícias »
São signatários do Manifesto:
Águas do Norte, S.A., José Luís Machado do Vale, Presidente do Conselho de Administração
Águas e Energia do Porto, E.M., Filipe Manuel Ventura Camões de Almeida Araújo, Presidente do Conselho de Administração
Altice, Ana Figueiredo, CEO
Altri, José Soares de Pina, Presidente da Comissão Executiva
AMBIOSFERA LDA, Nuno Esteves de Carvalho, CEO
APCER, José Leitão, CEO
APlanet , Joana Paredes Alves, Co-Founder
Ascendi , Luís Silva Santos, CEO
Banco Comercial Português, S.A. (Millennium bcp), Miguel Maya, CEO
Biosphere Portugal, Patrícia Araújo, Gerente
Bondstone, Paulo Loureiro, CEO
Brisa, António Pires de Lima, Presidente da Comissão Executiva
Cimpor, Luís Fernandes, CEO Portugal e Cabo Verde
Companhia das Lezírias, António de Sousa, Presidente do Conselho de Administração
CONSULAI, Pedro Santo, Diretor-Geral
Corticeira Amorim, Cristina Amorim, Board Member/CFO
Crédito Agrícola, Licínio Pina, Presidente do Grupo
CV&A Cunha Vaz & Associados, Diogo Belford Henriques, Administrador
Deloitte Portugal, António Lagartixo, CEO/ Managing Partner
Euronext Lisbon, Isabel Ucha, CEO
EY, Manuel Mota, Partner | Climate Change & Sustainability Services
Flexdeal, Alberto Amaral, Presidente do Conselho de Administração
Floradata – Sustentabilidade, Ambiente e Biodiversidade, Davide Fernandes, Diretor Executivo
Fujitsu Technology Solutions, Lda., Carlos Barros, Managing Director
Gaiurb EM, António Miguel Castro, Presidente do Conselho de Administração
Galp, Andy Brown, CEO
Greenvolt-Energias Renováveis S.A., João Manso Neto, CEO
Grupo Ageas Portugal, Steven Braekeveld, CEO
Grupo Casais, António Carlos Rodrigues, CEO
Grupo Nabeiro – Delta Cafés, Rita Nabeiro, Administrador
HyChem – Química Sustentável, S.A., Nuno Cortez Coelho, Presidente do Conselho de Administração
IB [INVESTBRAGA] – Agência para a dinamização económica, E.M., Ricardo Rio, Presidente da InvestBraga
Jerónimo Martins, Pedro Soares dos Santos, Presidente e Administrador-Delegado
KPMG Portugal, Vitor da Cunha Ribeirinho, CEO/Chairman
LIPOR – Associação de Municípios para Gestão Sustentável de Resíduos do Grande Porto, José Manuel Ribeiro, Presidente do Conselho de Administração
Lusa , Agência de Noticias de Portugal, Joaquim Carreira, CEO
Manpower Group Portugal, Rui Teixeira, Country Manager
MSG Global Solutions Portugal, Luís Grincho, Executive Vice President
The Navigator Company, João Lé, Administrador Executivo
Novo Banco, S.A, Luísa Soares da Silva, Administradora Executiva – Chief Legal Compliance Officer
Quokka, Daniela Amorim, CEO – Engenheira do Ambiente
REN – Redes Energéticas Nacionais, Rodrigo Costa, Presidente do Conselho de Administração e da Comissão Executiva
Resíduos do Nordeste, EIM, SA, Paulo Praça, Diretor Geral
Rovensa, Nuno Loureiro, CFO
Sacoor Brothers, Nuno Martins de Sousa, CEO
Sair da Casca, Nathalie Ballan, Presidente
SAMSIC Portugal – Facility Services S.A., Bruno Melo, CEO
SECIL – Companhia Geral de Cal e Cimento, S.A., Otmar Hübscher, CEO
Signium – Xara-Brasil, Proença de Carvalho e Partners, Felipa Xara-Brasil, Administradora
SIMAS de Oeiras e Amadora, Maria Candida Conde Marreiros, Técnica Superior – Sustentabilidade
Sogrape, Raquel Seabra, CMO
Soja de Portugal, António Isidoro, CEO & Presidente do Conselho de Administração
Sonae SGPS, Isabel Barros, Administradora MC & Presidente Grupo Consultivo Sustentabilidade
SOVENA, Jorge de Melo , CEO
Stravillia Sustainability Hub, Francisco Neves, Managing Partner
Tranquilidade Seguros, Pedro Carvalho, Presidente Executivo
Transportes Urbanos de Braga, E.M., Sandra Cerqueira, CEO
Trivalor SGPS, SA, Joaquim Cabaço, Presidente Conselho de Administração
UCI, Pedro Megre, CEO
VINCI Energies Portugal, Pedro Afonso, CEO
VOGUE Homes SA, Joaquim Lico, CEO
Voltalia, João Amaral, CTO & Country Manager of Portugal
Zolve – Logística e Transporte, S.A., Vitor Figueiredo, CEO