Manifesto “Rumo à COP27”

5 de novembro de 2022

Quase a meio do caminho da Agenda 2030 das Nações Unidas – a qual definiu, em 2015, 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – e num momento crítico para a concretização do Acordo de Paris sobre o clima, é fundamental que esta seja uma década de ação.

Até 2030, será necessário reduzir as emissões globais de gases com efeito de estufa em 45%, em comparação com os níveis de 2010 – o que implica uma redução anual até 2030 superior à que ocorreu em 2020 devido ao confinamento provocado pela pandemia COVID-19, agora sem as nossas vidas e economias confinadas.

É importante que a COP27 dê um contributo prático e concreto para o cumprimento do Acordo de Paris sobre o clima. Após trinta anos da adoção da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, as consequências identificadas pelos diversos relatórios do IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Chang) fazem cada vez mais parte do nosso quotidiano, assim como os riscos geopolíticos, sociais e ambientais decorrentes da dependência de combustíveis fósseis.

Neste contexto, o BCSD Portugal sublinha a importância da concretização de algumas linhas de atuação prioritárias:

  1. Consolidação de um sistema de comércio de licenças de emissão global, nomeadamente:
  • Alargamento dos mercados e sistemas de comércio de licenças de emissão de gases com efeito de estufa a nível global;
  • Aprofundamento nas geografias onde já vigoram, com base em preços de carbono que efetivamente incentivem e acelerem a descarbonização dos nossos sistemas económicos e estilos de vida;
  • Homogeneização de critérios por parte dos diversos blocos económicos;
  • Incentivo dos mercados de compensação voluntários em fases de transição.
  1. Aprofundar e concretizar a Lei Europeia do Clima, nomeadamente:
  • Aprofundamento dos planos e regulamentação atuais nos aspetos mais relevantes, nomeadamente, no que diz respeito ao Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2050 e à Lei do Clima;
  • Adoção de um esquema de incentivos mais robusto e de uma fiscalidade mais verde;
  • Adoção célere dos planos de ação da UE «Fit for 55» e «RePowerEU».
  1. Novas exigências ao nível da partilha de informação ESG, nomeadamente:
  • Concluir a criação de um standard universal para reporte de riscos, dependências e impactes ESG (ambientais, sociais e de governance), nomeadamente, no que diz respeito ao clima. Muitas empresas já o fazem, mas é importante haver progressos ao nível da consistência e comparabilidade universal da informação;
  • Aprofundar e alargar as exigências de reporte de informação não financeira, de diligência ao nível das cadeias de abastecimento e de rotulagem;
  1. Mobilização do financiamento necessário para a transição, nomeadamente:
  • Promover e incentivar os diversos instrumentos financeiros, públicos e privados, de apoio à transição para a sustentabilidade, designadamente, para o investimento em soluções sem carbono ou de baixo carbono. Sem um sistema financeiro que integre e valorize os diversos critérios ESG, não será possível a transição climática;
  • Assegurar que a transição climática é justa e inclusiva e, no que diz respeito aos países em desenvolvimento, criar condições para que tenham acesso às soluções de descarbonização conhecidas.
  1. Promoção da inovação para a sustentabilidade, nomeadamente:
  • Criar incentivos para acelerar o surgimento e scaling-up de novas soluções – tecnológicas e não tecnológicas – que contribuam para uma economia mais bio, circular e neutra em carbono. A transição climática apela a inovações incrementais – por exemplo, relacionadas com a eficiência energética –, bem como a inovações mais disruptivas – por exemplo, novos modelos de negócio, novos materiais, novas soluções de design e novas fontes energéticas;
  • Criar incentivos que acelerem a adoção de novos comportamentos e estilos de vida por parte dos cidadãos em geral.
  1. Promoção de soluções baseadas na natureza
  • Incentivar e dar sempre prioridade às soluções assentes na natureza, ou seja, que contribuam para a circularidade das cadeias de valor através do restauro e valorização de ecossistemas e biodiversidade. Modelos de desenvolvimento assentes em sistemas de produção dependentes da extração intensiva de recursos naturais, da emissão de gases com efeito de estufa, e da geração de resíduos e de poluição, não se coadunam com a transição climática necessária.

 

O desenvolvimento claro destas seis linhas de atuação prioritárias na COP27 daria um contributo importante para uma economia global mais justa e livre de carbono. Se não formos bem-sucedidos na transição climática, o futuro será cada vez mais incerto e as crises económicas, energéticas, sociais e ambientais mais frequentes. No que toca às empresas, a sua capacidade de inovação e investimento pode ser – já está a ser – transformadora. Assim, e por muito que em cada momento nos confrontemos com complexidades e desafios, o compromisso do BCSD Portugal e dos seus membros de combate às alterações climáticas não só se mantém, como deverá acelerar até 2030.

 

Notícia do Manifesto publicado na Lusa e no Jornal Público»

 

São signatários do Manifesto “Rumo à COP27”:

 

Abreu Advogados, Inês Sequeira Mendes, Managing Partner

Accenture, José Gonçalves, Country Managing Director

Águas e Energia do Porto, E.M., Filipe Manuel Ventura Camões de Almeida Araújo, Presidente do Conselho de Administração

Altice Portugal, Ana Figueiredo, Presidente Executiva

ALTRI, José Soares de Pina, CEO

AMBIOSFERA LDA, Nuno Esteves de Carvalho, COE

APCER, José Leitão, CEO

APlanet , Joana Paredes Alves, Co-Founder

Avenue, Aniceto Viegas, CEO

Banco BPI, S.A., Cristina Casalinho, Diretora Executiva

Banco Comercial Português, S.A. (Millennium bcp), Miguel Maya, CEO

Banco Santander Portugal, Inês Oom de Sousa, Head of ESG Europe

BioRumo – Consultoria em Ambiente e Sustentabilidade, Luís Correia de Sousa, Diretor Geral

Biosphere Portugal, Patrícia Araújo, Gerente

Bondalti Capital S.A., João de Mello, Presidente do Conselho de Administração

BONDSTONE, Paulo Loureiro, CEO

Brisa, António Pires de Lima, Presidente da Comissão Executiva

Cimpor, Luís Fernandes, CEO Portugal e Cabo Verde

CMS Rui Pena & Arnaut , José Luís Arnaut, Managing Partner

Companhia das Lezírias, S.A., António de Sousa, Presidente do Conselho de Administração

CONSULAI, Pedro Santos, Diretor-Geral

Corticeira Amorim, Cristina Amorim, Board Member/CFO

Crédito Agrícola, Licínio Pina, Presidente do Grupo

CUF, Rui Diniz, CEO

Cunha Vaz e Associados, Diogo Belford Henriques, Administrador

Deloitte Technology, S.A., António Lagartixo, CEO

Delta Cafés, Rita Nabeiro, Administradora

Efacec Power Solutions, SGPS, S.A., Ângelo Manuel da Cruz Ramalho, Presidente Executivo

EY, Manuel Mota, Partner | Climate Change & Sustainability Services

Fidelidade, Jorge Manuel Magalhães Correia, Chairman

FLEXDEAL SIMFE S.A., Alberto Amaral, CEO

Floene, Gabriel Sousa, CEO

Floradata -Sustentabilidade, Ambiente e Biodiversidade, Davide Fernandes, Diretor Executivo

Fujitsu Technology Solutions, Carlos Barros, Managing Director

Galp, Andy Brown, CEO

Get2C, Luís Costa, Partner

GreenVolt – Energias Renováveis S.A., João Manso Neto, CEO

Grupo Ageas Portugal, Steven Braekeveldt, CEO

Grupo CASAIS, António Carlos Rodrigues, CEO

Grupo Manuel Champalimaud, Ana Champalimaud, Administradora

Grupo ProCME, José Reis Costa, CEO

HyChem – Química Sustentável, SA, Nuno Cortez Coelho, Presidente do Conselho de Administração

IB (Investbraga) – Agência Para a Dinamização Económica, E.M., Ricardo Rio, Presidente

Jerónimo Martins, Pedro Soares dos Santos, Presidente e Administrador-Delegado

KPMG Portugal, Vitor Ribeirinho, Presidente

LIPOR, José Manuel Pereira Ribeiro, Chairman

Lusa-Agência de Notícias de Portugal, S.A., Joaquim Carreira, Presidente do Conselho de Administração

Mazars Luís Gaspar, Country Managing Partner

Metropolitano de Lisboa, Vítor Manuel Domingos dos Santos, Presidente do Conselho de Administração

The Navigator Company, João Lé, Administrador Executivo

Nextbitt, Miguel Salgueiro, Partner

Nhood Portugal , Séverine Boutel, CEO

NOS SGPS, Miguel Almeida, CEO

Novo Banco, Luísa Soares da Silva, Chief Legal and Compliance Officer

NTT DATA Portugal, Tiago Barroso, CEO

Oney Bank – Sucursal em Portugal, Dario Coffetti, Diretor Geral

Prio Bio, Emanuel Proença, CEO

Resíduos do Nordeste, EIM, SA, Paulo Praça, Diretor-Geral

Rovensa, Nuno Loureiro, CFO

Saint-Gobain Portugal, José Martos, CEO

Sair da Casca, Nathalie Ballan, Presidente

Savills Portugal, Patrícia de Melo e Liz, CEO

Secil, Otmar Hübscher, Presidente da Comissão Executiva

SGS Portugal, Miguel Lopes, Coordenador de Sustentabilidade

Signium | Xara-Brasil, Proença de Carvalho & Partners, Felipa Xara-Brasil, Member of the Board of Signium Inc.

SIMAS de Oeiras e Amadora, João Serrano, Presidente do Conselho de Administração

Sociedade Ponto Verde, Ana Trigo Morais, CEO/Administradora Delegada

Sogrape, Raquel Seabra, CMO

Soja de Portugal, António Isidoro, CEO

Sonae, Isabel Barros, Presidente do Grupo Consultivo de Sustentabilidade Sonae, Administradora Sonae MC

SOVENA, Jorge de Melo, CEO

Stravillia Sustainability Hub, Francisco Neves, Managing Partner

Sumol+Compal, Duarte Pinto, CEO

Super Bock Group, Rui Lopes Ferreira, CEO

Transportes Urbanos de Braga, E.M., Sandra Cerqueira, CEO

TRIVALOR (SGPS), S.A., Joaquim Cabaço, Presidente Conselho de Administração

UCI, Pedro Megre, CEO

VdA Vieira de Almeida & Associados) João Vieira de Almeida, Presidente do Conselho de Administração

VINCI Energies Portugal , Pedro Afonso, CEO

Vogue Homes, Joaquim Lico, CEO & Founder

Zolve – Logística e Transporte, S.A., Vitor Figueiredo, CEO