Carlos de Llera,
Head of Sustainability & Climate Change Services na Auren Portugal
A sustentabilidade é um tema-chave para a competitividade das organizações, cada vez mais complexo e acelerado, que evoluiu de nicho de mercado a dominante. Esta evolução tem acompanhado a procura de informação ESG (environmental, social & governance) por parte de diversos stakeholders (comunidade de investidores, reguladores, clientes, entre outros), no sentido de entender a criação de valor e a estratégia de negócio das organizações a longo prazo, assim como a qualidade da gestão e a sua visão futura nesta matéria.
Diversos estudos demonstram que empresas com práticas sustentáveis apresentam um desempenho financeiro superior, com maior valor de mercado e menor volatilidade. Exemplos de benefícios são aumentar a reputação da marca (consumidores conscientes procuram produtos e serviços sustentáveis); atrair e reter talentos (profissionais qualificados e envolvidos procuram organizações que partilhem os seus valores); aumentar a eficiência operacional (redução de custos e aumento da produtividade); aceder a novos mercados (certificações ESG para entrar em novos mercados); mitigar riscos (e evitar impactos financeiros) e potenciar oportunidades.
As organizações deverão dotar os seus profissionais de competências, sejam conhecimentos técnicos e aptidões comportamentais ou uma visão mais sistémica e holística. Assim, a aquisição de competências e a formação em sustentabilidade ajudam a garantir a longevidade e o sucesso das organizações a longo-prazo. Alguns exemplos:
- Conhecimento técnico: princípios da economia circular, gestão de recursos naturais e humanos, práticas éticas e transparentes, assim como regulação associada;
- Aptidões comportamentais: capacidade de liderança, trabalho em equipa, comunicação, negociação, resolução de conflitos, pensamento crítico e criatividade;
- Inovação: desenvolvimento de soluções criativas e inovadoras (internet of things, artificial intelligence, análise de dados) para endereçar os desafios atuais e emergentes da sustentabilidade;
- Gestão de projetos: planear, executar e avaliar projetos de sustentabilidade;
- Visão sistémica: analisar os impactos das decisões e ações a diferentes níveis (ESG) no curto, médio e longo prazo.
A área da sustentabilidade está em constante evolução, pelo que a formação contínua e a aquisição de novas competências são fundamentais para que os profissionais se mantenham atualizados e preparados para os desafios emergentes. Estas são algumas das ações que as organizações poderão implementar:
- Investir em formação (online, workshops e seminários) sobre temas ambientais, sociais e de governança;
- Incentivar a participação dos colaboradores em eventos e conferências para entrarem em contato com as tendências, melhores práticas em matéria ESG e outros profissionais;
- Promover a pesquisa e o desenvolvimento de soluções inovadoras para os desafios da sustentabilidade;
- Criar uma cultura organizacional que enraíze a sustentabilidade e envolva a participação de todos, começando pela gestão de topo.
Conclui-se que as competências e a formação em sustentabilidade são essenciais para garantir o sucesso das organizações no contexto atual e futuro. Ao investir no desenvolvimento dos seus colaboradores e em práticas sustentáveis, é possível contribuir de forma simultânea para um mundo mais sustentável.