Quando pensamos na definição de “biodiversidade” (ou diversidade biológica entre espécies, dentro das espécies e entre ecossistemas) estamos a pensar na natureza, se quisermos simplificar. De facto, desta biodiversidade faz parte muito daquilo que nos rodeia, desde os alimentos que ingerimos, às matérias-primas que utilizamos nos objetos do nosso dia-a-dia.
Mais de 50% do PIB mundial depende diretamente de recursos naturais. Já que a biodiversidade é fundamental para um largo número de indústrias, há uma forte e inegável relação entre a biodiversidade e economias mais prósperas e robustas.
A 16.ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas para a Diversidade Biológica (COP16), realizada em Cali, Colômbia, reforçou a necessidade de financiamento para a conservação da biodiversidade. Contudo, apesar dos avanços políticos, terminou sem um acordo concreto, evidenciando a importância do setor privado em mobilizar recursos para agir onde os Estados tardam em reagir.
As empresas devem ir além da mitigação de impactos – é necessária uma prática proativa e continuada de preservação e melhoria ambiental. Porque acreditamos que esse é o caminho, a abordagem que a The Navigator Company definiu na sua estratégia de conservação visa atingir um nível de “no net loss” (não perda de biodiversidade como consequência das suas atividades) e, sempre que possível, de “net positive gain” (criação de ganho de biodiversidade e melhoria do seu estado de conservação).
Com efeito, desde 2008, seguimos um modelo de gestão florestal que compatibiliza objetivos de produção e de conservação, com uma estratégia que assenta na avaliação sistemática da biodiversidade e serviços dos ecossistemas e na avaliação de valores naturais e de impactes potenciais das operações. Seguem-se a definição de ações de gestão com base numa hierarquia de mitigação e medidas como a preservação de habitats e espécies, restauro ecológico ou a definição de Zonas com Interesse para a Conservação, que representam cerca de 12% dos espaços florestais sob gestão da Empresa.
Destaca-se, igualmente, o compromisso com a proteção dos habitats Rede Natura 2000, que ocupam 4.420 hectares das nossas áreas, promovendo a manutenção ou melhoria do seu estado de conservação.
Na Navigator, a gestão sustentável da floresta e a conservação da biodiversidade são pilares do eixo “Clima e Natureza” da Agenda 2030 de Negócio Responsável. As nossas atividades cumprem com os instrumentos regulatórios de conservação da biodiversidade e pretendemos continuar a alinhar a nossa estratégia com iniciativas internacionais – como a Estratégia de Biodiversidade da União Europeia 2030, o novo Acordo Kunming-Montreal sobre Quadro Global para a Biodiversidade pós 2020, aspetos ESG e a Lei de Restauro da Natureza -, que irão definir objetivos e metas ambiciosos para os estado-membros reverterem a perda de biodiversidade e criarem um ganho (Nature Positive).
A existência de uma estratégia e as boas práticas de gestão silvícola fazem a diferença numa floresta de produção e consubstanciam o nosso modelo de gestão florestal sustentável. Em Portugal, os perto de 109.000 hectares de floresta sob gestão da Navigator albergam 253 espécies de fauna e mais de 1000 de espécies e subespécies de flora, incluindo 5 “criticamente em perigo”, 17 “em perigo” e 43 com o estatuto de “vulnerável”.
A preservação da biodiversidade está vertida no Propósito corporativo e na agenda de sustentabilidade da Navigator, bem como nos compromissos que assumimos no act4nature Portugal – contributo essencial para o ODS 15, reflete a nossa firme convicção nos méritos da compatibilização das várias funções e serviços de ecossistemas das florestas. Floresta gerida, que alia funções de produção e conservação, é floresta sustentável e com futuro. É floresta vivida e robusta, e não fragilizada pelo abandono.
Paula Guimarães, Diretora de Sustentabilidade, The Navigator Company