O BCSD Portugal lançou recentemente o “Guia cidades sustentáveis – a transformação urbana em sete passos”, que visa dar aos decisores políticos uma compreensão prática dos vários desafios no âmbito da sustentabilidade, nas suas dimensões económica, social e ambiental que as cidades atravessam. O documento sugere sete passos para a transformação urbana de forma a guiar os decisores na transição das cidades portuguesas para aglomerados sustentáveis e inteligentes, respondendo aos desafios da urbanização crescente e às peculiaridades próprias das cidades portuguesas e tendo em atenção as necessidades dos atuais e futuros habitantes.
Atualmente, as cidades são responsáveis por 80% do consumo de materiais e energia globais e geram cerca de 70% das emissões de gases com efeito de estufa. Cerca de 80% do PIB mundial é produzido nas cidades e nelas reside 55% da população mundial. Este contexto obriga hoje a uma rápida adaptação e transição das cidades, no sentido de incorporar objetivos e compromissos estabelecidos local, nacional e globalmente.
O guia identifica sete passos para a transição urbana: 1) Identificação de metas, objetivos e compromissos estabelecidos no contexto nacional e internacional no âmbito das cidades; 2) Identificação dos principais problemas e necessidades locais; 3) Reconhecimento e aprendizagem de casos de sucesso (benchmark de cidades que já iniciaram a transição); 4) Criação de um plano de ação para o desenvolvimento sustentável da cidade (roadmap acionável); 5) Criação de um modelo de governance que assegure o bom cumprimento do plano; 6) Monitorização e medição dos KPI estabelecidos; 7) Definição de um sistema periódico de avaliação e de revisão das prioridades estabelecidas.
Este documento apresenta o resultado do trabalho iniciado pelas empresas do Grupo de Trabalho “Cidades sustentáveis” em março de 2018. O seu conteúdo foi atualizado em outubro de 2021 pelo mesmo grupo, do qual fazem parte as seguintes empresas: Ascendi, Avenue, BNP Paribas, Brisa, Deloitte, EDP, EFACEC,Galp, Jerónimo Martins, Lipor, Metropolitano de Lisboa, Microsoft, Millennium bcp, PRIO, Schneider Eletric, Simas Oeiras e Amadora, Sonae MC, Tabaqueira e Tecnoplano.
A par destas, o documento contou com o especial apoio da Altice, Casais, Ecosativa, PwC e Savills.
Para as empresas, esta transição urbana oferece oportunidades, nas áreas da mobilidade e transportes, planeamento, urbanismo e edificação, assim como nas áreas da energia, resíduos e poluição, tecnologia e inovação ou governance. Assim, o guia conta também com a apresentação de casos de estudo de soluções empresariais que contribuem para a sustentabilidade urbana.
João Wengorovius Meneses, Secretário-Geral do BCSD Portugal afirma que “ As cidades do futuro serão simultaneamente mais tecnológicas e mais humanas, ou não serão sustentáveis. Por um lado, serão mais inteligentes, tirando partido de todas as derivadas da indústria 4.0 – robótica, inteligência artificial, internet das coisas, nanotecnologia, entre outras; por outro, terão uma escala cada vez mais humana e comunitária, facilitando as interações entre as pessoas, o acesso rápido e suave à generalidade dos serviços comerciais e culturais, e a presença da natureza de todas as formas possíveis – das coberturas e fachadas dos edifícios, às hortas verticais e jardins de proximidade. Em suma, as cidades sustentáveis do futuro dependem de sermos capazes de, simultaneamente, antecipar o futuro e regressar ao passado.”
Acrescenta ainda que “é importante termos presente que a década 2020-30 é decisiva para se alcançarem os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 das Nações Unidas, o Acordo de Paris sobre o clima e o Pacto Ecológico Europeu. Ora, será nas cidades que esses desafios se irão colocar de forma mais aguda, já que estas já concentram mais de metade da população mundial e são responsáveis por uma parcela ainda maior dos impactos atuais da Humanidade nos sistemas biofísicos e sociais”.
O guia pode ser consultado no site oficial do BCSD Portugal aqui»