O futuro da economia é circular
O futuro da economia é circular, neutro em carbono e de base biológica, como ficou demonstrado na 2022 UN Ocean Conference realizada em Lisboa.
A biomassa aquática e marinha, recurso biológico renovável e a mais sustentável matéria-prima disponível no Planeta, oferece uma alternativa real para descarbonizar e alimentar o nosso futuro.
Os setores tradicionais da economia azul, como as pescas, os transportes marítimos, a construção naval, o turismo e a exploração de recursos energéticos representam já cerca de 1,5% do PIB bruto da UE e empregam diretamente 4,7 milhões de pessoas.
Mas setores emergentes, como o das energias renováveis, da biotecnologia e da bioeconomia, estão a criar um mar de novas oportunidades.
As algas são uma oportunidade
As micro e macroalgas, as bactérias, fungos e invertebrados figuram entre os mais importantes recursos marinhos usados como matéria-prima na bioeconomia azul, para uma enorme variedade de aplicações comerciais.
Com efeito, as algas e as microalgas, em particular, contêm grandes quantidades de proteínas e ácidos gordos, o que as torna muito apropriadas para aplicações na alimentação humana e em suplementos alimentares, em rações para animais, cosméticos, fertilizantes, e para usos comerciais inovadores, como biomateriais, biocombustíveis e aplicações de biorremediação.
As algas não necessitam de solo arável, logo, não competem com as culturas agrícolas. Com a tecnologia apropriada e, ao contrário do que se possa pensar, a sua produção não implica grandes consumos de água.
E, acima de tudo, as algas são altamente eficientes: podem fornecer cerca de 50 vezes mais proteína por metro quadrado do que a soja (fonte de proteína muito comum) e consomem grandes quantidades de CO2 no seu processo de crescimento.
As microalgas são organismos fotossintéticos que, na presença de luz e de água, transformam dióxido de carbono na sua própria biomassa, libertando oxigénio.
É, portanto, muito vantajoso localizar a cultura de algas na proximidade, por exemplo, de uma cimenteira ou de uma unidade química, dado que poderão capturar o CO2 dos seus processos produtivos e fornecê-lo para a produção das algas.
O caso de estudo ALGATEC
Na visão partilhada por estas empresas, uma mudança de paradigma assente no conceito de economia circular e na produção de novos produtos de base biológica, permitirá fomentar a reconversão de unidades tradicionais e um desenvolvimento industrial sustentável.
Assim surge o ALGATEC Eco Business Park, um caso de estudo de economia circular e um exemplo de inovação nesta área, que tem sido fundamental no combate às alterações climáticas.
Nascido de esforços concertados entre os grupos A4F Algae for Future e Green Aqua, esta plataforma de produção de microalgas co-localizada no complexo industrial da HyChem, na Póvoa de Santa Iria, não só facilita o fornecimento do CO2 a consumir pelas culturas, como proporciona outras oportunidades de integração, num modelo perfeito de economia circular.
Produção de micro-algas
Esta é a maior plataforma de produção e processamento de microalgas na Europa.
Nasceu da reconversão de um terreno de 14 hectares, antes utilizado como reserva de salmoura, sem alterar a sua morfologia, para a produção de microalgas.
Tem capacidade para produzir anualmente 270 toneladas de microalgas, bem como extratos de ómega-3, proteína vegetal e antioxidantes, para aplicações no setor alimentar e no da aquacultura.
O ALGATEC dispõe, ainda, de uma biorrefinaria capaz de processar 300 quilogramas, por hora, de biomassa de microalgas em produtos de valor acrescentado.
Artigo desenvolvido por equipa da Hychem