Diário do meu primeiro WBCSD Liasion Delegates

Cláudia Carocha
Diretora de Projetos e Inovação no BCSD Portugal

Escrevo este artigo enquanto me sento num avião, no rescaldo de uma semana passada no WBCSD Liasion Delegates – um dos maiores eventos de sustentabilidade, que este ano reuniu 700 pessoas de países de todo o mundo, de diferentes entidades e setores, para debater o futuro da sustentabilidade nos próximos anos.

Como boa estreante neste evento, perdi-me no meu interesse e dificuldade em escolher quais seriam as sessões para estar presente no meio de temas relevantes, curiosos e interessantes. Apesar da vontade da organização em criar uma agenda sobre os desafios da sustentabilidade, as suas tendências e potenciais soluções, havia um assunto mais urgente para o qual todas as sessões se orientavam: o mundo incerto onde vivemos.

Esta semana foi, também, marcada pelo anúncio das novas tarifas de comercialização para os Estados Unidos da América. Um simples comunicado que levou a que todas as conversas acabassem num debate sobre as tensões geopolíticas cada vez mais próximas, o crescimento de movimentos anti-ciência e de desinformação, a polarização política que nos afasta do debate, a criação da ideia da sustentabilidade como força contrária à produtividade, e acima de tudo, os muros que se erguem, uma vez mais, entre países e entre entidades com diferentes propósitos.

Num mundo onde os desafios são cada vez mais globais, complexos e interdependentes, a liberdade já não se conquista localmente – conquista-se em conjunto. A colaboração é a única via possível para garantir a liberdade duradoura, porque só através dela conseguimos construir soluções que transcendam fronteiras, alinhem interesses divergentes e combatam as ameaças comuns que enfrentamos, como as alterações climáticas, a desinformação ou a desigualdade. A liberdade do futuro será coletiva ou não será. Só em rede conseguimos manter o espaço para o pensamento crítico, a inovação com propósito e a ação com impacto. E é essa rede que nos liberta — não só das limitações do presente, mas também dos muros que ainda insistem em ser erguidos.

Saio desta semana na Suíça com um sentimento agridoce. Se por um lado é fácil sentirmo-nos pequenos e com pouco poder de decisão nesta avalanche de notícias, saio também com a certeza reforçada de que só a colaboração nos trará a verdadeira liberdade, para sermos e continuarmos.

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