
Susana Carvalho
Sustainability & Climate Transition Manager na Bondalti
Iniciamos o ano de 2025 com desafios significativos na área do relato em sustentabilidade, e até na ambição para a descarbonização e para o combate às alterações climáticas. Os ecossistemas e a biosfera não se regem pelo mesmo ritmo que as economias da nossa sociedade atual. Por outro lado, é fundamental trabalhar nos desafios atuais de forma célere e inteligente para garantir a sustentabilidade planetária na sua escala temporal.
A história do “greenwashing versus transparência” surgiu com a consciência de que é preciso maior rigor científico e credibilidade para garantir a confiança prolongada numa marca ou afirmação – trust.
O relato de sustentabilidade começou na década de 1980, impulsionado pela publicação do Clube de Roma – “The Limits to Growth” – e pelos primeiros relatórios ambientais da indústria química. Desde então, este exercício tem ganhado escala e profundidade internacional, com um nível de complexidade, rigor e exigência que, embora nos afaste cada vez mais do greenwashing, pode levar a um excesso burocrático que desvia o foco do essencial: a transformação e adaptação das organizações e dos negócios para torná-los mais resilientes e competitivos.
Devemos concentrar-nos no essencial. Para a maioria dos setores, o relato de sustentabilidade tem sido um ato voluntário de transparência e prestação de contas aos stakeholders. Com regulamentação europeia, mais ou menos complexa, este exercício manter-se-á como uma ferramenta de competitividade num mercado global cada vez mais complexo.
No seu discurso de 29 de janeiro, Ursula von der Leyen destacou três áreas chave no âmbito do “Competitiveness Compass” para a Europa:
- Produtividade através da Inovação;
- Descarbonização competitiva;
- Fortalecimento da segurança económica e tecnologia aumentando a resiliência.
A diretiva europeia sobre Declarações Verdes visa aumentar a transparência, fornecer evidências e promover a cooperação setorial. As empresas devem focar em:
- Transparência e verificação de dados: assegurar uma sólida recolha e verificação de dados por entidades externas independentes;
- Ajustes de Marketing e Comunicação: alegações ambientais claras e específicas, evitar termos vagos como “amigo do ambiente”;
- Conformidade regulamentar: alinhamento com normas estabelecidas, como o Regulamento REACH;
- Inovação e Práticas Sustentáveis: investir em I&D para produtos e processos mais ecológicos
- Colaboração e parcerias industriais: trabalhar com fornecedores, clientes e parceiros para garantir conformidade e identificação de oportunidades;
- Desafios e estratégias de mitigação: explorar oportunidades de financiamento, planeamento estratégico e potenciar tecnologias digitais para gerir riscos e aumentar a eficiência.
Para dar resposta a todos estes desígnios, as organizações não podem focar-se apenas na sua própria atividade: A competitividade tem de ser a competitividade de toda a cadeia de valor.