Integrar a sustentabilidade na cadeia de valor das empresas

As Jornadas da Sustentabilidade do BCSD Portugal encerraram com o evento dedicado à Cadeia de Valor, no dia 25 de novembro de 2022, no Centro Cultural de Belém. Patrocinado pela Bondalti, este evento contou com intervenientes de diversos setores que abordaram o tema da integração da sustentabilidade na cadeia de valor das empresas, a sua transparência e rastreabilidade.

A manhã arrancou com um painel moderado por Luís Amado, Diretor Executivo da B-Corp, com a intervenção de Ana Tavares, Diretora de Sustentabilidade do CITEVE e Bernardo Augusto, Responsável de Impacto Positivo do Leroy Merlin.

Teve lugar um showcase decasos de estudo no setor empresarial, que contou com casos práticos da Bondalti, NAZ, IBM, Procter & Gamble e C-MORE.

Estas foram as principais conclusões desta manhã:

  • Para a incorporação da sustentabilidade no modelo de negócio das empresas, identificaram-se como primeiros passos:
    • A realização de um autodiagnóstico à visão, estratégia e cultura da organização para se compreender se estas englobam e permitem responder aos grandes desafios de sustentabilidade. Isto apoiará as organizações a tornarem-se orientadas para o propósito;
    • A medição do impacte da organização em critérios de sustentabilidade, o que permitirá identificar as áreas com maior impacte, e consequentemente, as áreas de atuação prioritárias. Adicionalmente, esta análise inicial poderá servir de baseline para monitorizar a evolução do desempenho da empresa ao longo do tempo.
  • Para a integração da sustentabilidade na cadeia de valor das empresas, identificaram-se como alguns dos principais desafios: (1) a falta de conhecimento sobre a constituição e estrutura das próprias cadeias de valor, como ocorre para a grande maioria das empresas; (2) a existência de cadeias de valor muito complexas, como é o caso da indústria da moda; (3) a reduzida disponibilidade de recursos humanos com as competências necessárias para apoiar e gerir a transformação das organizações.
  • Dos desafios, resultou como primeiro passo de atuação para as empresas o mapeamento e análise da sua cadeia de valor. Esta análise permitirá identificar os impactes positivos e negativos ao longo da cadeia de valor, assim como direcionar e priorizar as ações a implementar.
  • O mapeamento e a análise da cadeia de valor poderão ser processos complexos e demorados. Contudo, uma vez que é necessário dar uma resposta acelerada a várias das emergências da sustentabilidade, nomeadamente à emergência climática, foi sugerido que seja feita uma primeira análise macro que permita identificar as grandes áreas onde agir. Deste modo, é possível começar a atuar e, em paralelo, efetuar as análises mais detalhadas.
  • No caso das PMEs, referiu-se como desafio a reduzida disponibilidade de tempo e de recursos humanos para efetuar planeamentos detalhados e com base em dados científicos devido à existência de equipas pequenas e, muitas vezes, responsáveis por mais do que uma área. Para simplificar e focar o trabalho das PMEs, foi recomendado que estas se foquem num único referencial/framework, como por exemplo os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
  • A medição e monitorização do impacte e desempenho das empresas ao nível da sustentabilidade foi um tema bastante destacado, em particular, a necessidade da existência de ferramentas que permitam fazer esta gestão. Contudo, sente-se a necessidade da existência de ferramentas setoriais, tendo em conta a diversidade e especificidade dos setores, e de ferramentas que permitam desagregar os valores dos indicadores de monitorização de modo a possibilitar a identificação das fases da cadeia de valor que contribuem para determinado impacte.
  • Ao nível das ferramentas, destaca-se a ferramenta desenvolvida pelo BCSD Portugal, em parceria com a C-MORE, no âmbito da iniciativa Carta de Princípios e Jornada 2030. Esta ferramenta permite analisar e monitorizar o grau de maturidade em sustentabilidade da organização e gerir os indicadores ambientais, sociais e de governança (ESG) da Jornada 2030.

Foram ainda divulgados os principais resultados do estudo Maturidade das empresas em sustentabilidade – Retrato agregado 2022, elaborado pelo BCSD Portugal. Daí, conclui-se que a maioria das empresas (68%) ainda se encontra em estágios poucos maturos da sustentabilidade ou, ainda, num estágio prévio da jornada da sustentabilidade (21%) no qual começam a compreender a necessidade e as oportunidades da sustentabilidade. Adicionalmente, concluiu-se que: a maioria das empresas (73%) tem uma estrutura interna (responsável, equipa ou departamento) que trabalha a sustentabilidade; cerca de metade das empresas (55%) já desenvolve, aprova e monitoriza uma estratégia de sustentabilidade; cerca de metade das empresas (54%) já faz relatório de sustentabilidade.

Assista ao vídeo aqui:

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