Meet 2030: conclusões

Avestruz e lince ibérico. Estes são os dois potenciais cenários que a economia portuguesa pode enfrentar em 2030 e que resultam do processo de planeamento de cenários do Meet 2030, projeto desenvolvido pelo BCSD em parceria com o Instituto Superior Técnico, com vista a entender como é que o crescimento económico e a criação de emprego são possíveis numa economia neutra em carbono. O processo, que decorreu ao longo de 10 meses, envolveu cerca de 30 empresas portuguesas, de 13 sectores diferentes, que contou com diversas interações com entidades públicas como o Ministério do Ambiente, a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), a Agência para a Energia (ADENE) e a Secretaria de Estado da Indústria.

Há pouco no evento de apresentação dos resultados do Meet 2030, o Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, via mensagem de vídeo, afirmou que “o relatório Meet 2030 que lançaram e a vossa visão de transformar Portugal numa economia de baixo carbono, não poderiam ser mais oportunos. A ação climática é fundamental para as pessoas, o planeta e a paz. A mobilização para alcançar este desafio oferece ao setor privado enormes oportunidades de crescimento. Encorajo-vos a aumentar a vossa ambição! Reduzam as emissões de carbono, invistam nas energias renováveis e em outras inovações. Criem empregos verdes para os jovens, porque juntos podemos colocar o mundo num caminho mais seguro e sustentável. Obrigado pela vossa liderança e pelo vosso empenhamento!”.

As estruturas e narrativas dos dois cenários, desenvolvidas num processo cooperativo e construtivo, são as seguintes: no cenário avestruz, Portugal está atrasado e estagnado num mundo transformado por novos desenvolvimentos tecnológicos, ambientais e energéticos. Apesar de conseguir cumprir as exigências do Roteiro Nacional de Baixo Carbono de 2012 da APA, o PIB está em queda. Portugal está a tornar-se cada vez mais periférico e menos atrativo para o investimento. O sistema bancário é incapaz de apoiar adequadamente o desenvolvimento económico, o que resulta numa queda do stock do capital produtivo em Portugal. Há uma incapacidade para alinhar o desenvolvimento tecnológico e os investimentos em ciência, tecnologia e inovação com os grandes desafios societais que o país enfrenta. Portugal é incapaz de atrair e reter talento. O cenário lince ibérico é de elevada estabilidade, crescimento e competitividade, com um significativo crescimento económico da UE, estabilização financeira da economia portuguesa e níveis de investimento mais elevados. Neste cenário, a recuperação baseia-se na forte cooperação entre agentes económicos no país e entre Portugal e outros países. O sistema bancário recupera e apoia o desenvolvimento económico. O resultado é o aumento do stock de capital produtivo de Portugal a cada ano. Existe uma estreita cooperação entre agentes, incluindo a coordenação entre as políticas governamentais e as necessidades das empresas, a fim de abordar os novos desafios societais. Isto conduz à atração e retenção de talento.

Para perceber como o crescimento económico e a criação de emprego são possíveis numa economia neutra em carbono, o Meet 2030 usou a abordagem do modelo económico da exergia. Esta abordagem é significativamente diferente do modelo económico tradicional, no qual o PIB é uma função do trabalho, do capital e da produtividade total dos fatores. No modelo económico da exergia, o PIB é uma função do trabalho, do capital e da produtividade da energia, ou seja, a eficiência exergética.

 

   For Business Report                          Technical Report                          Resumo projeto Meet 2030

                               

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