Os desafios da cibersegurança

Sara Vieira
Responsável de Segurança Digital do Bankinter Portugal

A indústria financeira está a passar por uma acelerada transformação digital, que tem permitido tornar os serviços mais eficientes e acessíveis, melhorando os níveis de excelência do atendimento ao cliente. Contudo, esta transformação, disponibilização e operacionalização de serviços traduz-se também numa crescente dependência tecnológica, que comporta novos riscos e desafios, como os ciberataques, cada vez mais frequentes, generalizados e sofisticados, que colocam à prova os mecanismos de segurança das instituições.

Mais do que uma vantagem competitiva, a Resiliência Operacional passou a assumir neste contexto um papel determinante na estrutura das organizações, tornando-se numa verdadeira obrigação ética, através da qual se estabelecem regras e condutas de proteção de dados e mecanismos de segurança robustos. Estes mecanismos são suportados por tecnologias avançadas e alinhadas com as melhores práticas europeias, tais como as inscritas nas normas da Autoridade Bancária Europeia, no regulamento DORA (sigla em inglês da Lei de Resiliência Operacional Digital) e na diretiva NIS2 (sigla em inglês da Diretiva de Segurança de Redes e Informação 2), entre outros.

Neste contexto, a proteção de dados e a gestão ética da informação tornam-se também dimensões essenciais da sustentabilidade corporativa, refletindo o compromisso das instituições financeiras com a responsabilidade social e a confiança dos seus stakeholders.

Para promover uma cultura de segurança abrangente, devem ser desenvolvidos programas de formação contínua para os colaboradores dos bancos e para os seus clientes, reforçando a realização de ações de sensibilização e de prevenção para proteger a sua vida profissional e pessoal. A Ciberinteligência veio permitir a identificação de novas ameaças e a ativação de respostas imediatas a incidentes, estabelecendo caminhos mais ágeis para salvaguardar a estabilidade das operações. A implementação de backups regulares e de provas de recuperação também se mostra indispensável, assegurando a preservação da continuidade do negócio.

A Segurança Digital deve estar integrada desde o momento inicial em cada novo projeto. A abordagem Security by Design consolida decisões técnicas e procedimentos operacionais que protegem os utilizadores e agregam valor à sustentabilidade das soluções. Passa-se a oferecer um serviço que atende às necessidades dos clientes e oferece também confiança e zela pelos interesses de todos os envolvidos no ecossistema financeiro.

Paralelamente, as revisões constantes com diretrizes baseadas em Inteligência Artificial e Big Data permitem detetar e conter vulnerabilidades em tempo real, reforçando o controlo sobre os sistemas que sustentam os serviços ao cliente.

A Segurança Digital emerge, assim, como um verdadeiro motor de crescimento, pois protege e fortalece a reputação ao mesmo tempo que impulsiona o negócio. Ao garantir uma operação digital segura e transparente, cumprem-se as exigências regulatórias e evitam-se perdas financeiras. Os bancos protegem os interesses dos clientes, assegurando, em simultâneo, a inclusão e a equidade no acesso aos serviços, uma base sólida para a inovação contínua e a promoção de um ecossistema digital resiliente e confiável, capaz de enfrentar desafios futuros e oferecer uma experiência superior a todos os clientes.

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