Questionário Proust a Carlos Ribeiro

Carlos Ribeiro é Diretor Executivo do Laboratório da Paisagem desde 2015, liderando projetos nacionais e internacionais na área do desenvolvimento sustentável. A sua missão centra-se na implementação de práticas de sustentabilidade em comunidades e cidades, promovendo a integração entre educação e investigação aplicada. Defende um modelo de governação colaborativo que une instituições académicas e governamentais, setores público e privado, e autarquias, com o objetivo de acelerar a transição verde.

Oiça o questionário:

Que comportamento sustentável adotou há mais tempo? E porquê? 
Separação seletiva de resíduos. Começou como um gesto simples, quase rotineiro, mas tornou-se um princípio de coerência entre o que acredito e o que faço. A separação correta dos resíduos é, para mim, um símbolo de responsabilidade, perceber o impacto que cada pequena ação tem no ciclo dos recursos.

Como explicaria a uma criança de 5 anos o que faz na sua profissão?
A resposta não é fácil. Diria que o meu trabalho é investigar e cuidar da casa onde todos vivemos: o planeta. Gosto de descobrir o que a natureza precisa e juntar pessoas para resolver esses problemas. No fundo, sou uma espécie de detetive e treinador da equipa que quer ajudar a salvar o planeta onde vivemos.

No seu trabalho, qual é o contributo para a sociedade, e/ou para a natureza, de que mais se orgulha?
O que mais me orgulha é ter ajudado a transformar ideias em ações que melhoram realmente a relação das pessoas com a natureza. Ver projetos de investigação e educação ambiental que começaram pequenos e hoje envolvem escolas, empresas e cidadãos é o que mais sentido me dá. Sinto que o meu trabalho tem contribuído para criar territórios mais resilientes, sensibilizar comunidades, percebendo que cada um tem um papel essencial através das suas ações.

Que cheiro lhe traz memórias nostálgicas?
O cheiro do café de saco da minha avó. Era o cheiro das manhãs calmas, do começo do dia. Lembra-me que tudo o que vale a pena exige tempo e cuidado, como ela fazia com o café.

Se pudesse escolher qualquer pessoa (viva ou não) para jantar, quem convidaria e porquê?
Escolheria o Ayrton Senna: o meu único herói. Admirava nele a forma de estar: exigente, determinado, mas com um enorme sentido de responsabilidade.

Que cara gostaria de ver numa nota de dinheiro?
Até por ter sido recente a sua morte, vou dizer a Jane Goodall. Porque transformou a forma como olhamos para os animais e para nós próprios. Ligou ciência, emoção e ação, e é isso que procuro também no meu trabalho: estudar, compreender e inspirar a mudança.

Se não vivesse onde vive, em que cidade gostaria de morar, e porquê? 
Diria sempre Guimarães. Mas se tivesse de escolher uma outra cidade europeia talvez escolhesse Barcelona. Pela energia criativa, pela inovação urbana e pelo mar. É uma cidade com vida, mar, cultura e ambição, e isso atrai-me sempre.

Que livro, filme, peça ou disco mudou a sua vida, e porquê?
O disco que mais me marcou foi The Joshua Tree, dos U2. É um álbum que fala sobre procura, esperança e consciência, sobre querer transformar um mundo desigual num lugar com mais sentido. Identifico-me muito com essa mensagem.

Se a sua casa começasse a pegar fogo, o que salvaria e porquê?
A resposta é óbvia: garantiria primeiro que as pessoas estavam a salvo.

Se pudesse mudar algo na política social do seu país, o que seria?
Investiria muito mais na educação, mas numa educação verdadeiramente transformadora, que unisse literacia ambiental, cívica e científica. Falamos muito em sustentabilidade, mas ainda se faz pouca política preventiva.

Qual é a sua definição de uma sociedade justa e inclusiva?
É aquela que garante oportunidades reais a todas as pessoas, independentemente da sua origem, condição ou idade, e que valoriza o contributo de cada um. É uma sociedade que não deixa ninguém para trás.

Que superpoder gostaria de ter para salvar o planeta e por onde começaria?
Seria o de regenerar ecossistemas: restaurar rios, florestas, solos e mares com um simples gesto. Mais do que apenas reconstruir, seria devolver vida e aprender a não repetir os mesmos erros.

Qual a sua maior irritação e a sua maior alegria?
O que mais me alegra é ver os meus bem. Ver que estão felizes e a crescer é o que realmente me dá sentido. O que mais me irrita é a falsidade ou a traição. Prefiro sempre a verdade, mesmo quando é difícil.

Qual a virtude mais sobrevalorizada? E qual a mais subvalorizada? E porquê?
A virtude mais sobrevalorizada é a perfeição. Vivemos obcecados em não falhar, em parecer sempre certos, e isso bloqueia a aprendizagem e a criatividade. A mais subvalorizada é a coerência. Fazer o que se diz, mesmo quando ninguém está a ver.

Como gostaria de ser lembrado no futuro?
Gostava que as pessoas se lembrassem de mim pelas boas recordações que deixei. Pelas conversas, pelas ideias e pelos gestos simples que, de alguma forma, fizeram a diferença.

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