A sustentabilidade na indústria têxtil: como a moda pode mudar o mundo

No final do século passado, a moda tornou-se uma das indústrias com maior pegada social e ambiental, após o consumo ter disparado para níveis inéditos e insustentáveis nos glamourosos anos 80.

No final do século passado, a moda tornou-se uma das indústrias com maior pegada social e ambiental, após o consumo ter disparado para níveis inéditos e insustentáveis nos glamourosos anos 80. Na voragem de uma colorida cultura pop, e a par da melhoria do nível de vida de uma classe média ascendente, hedonista e aspiracional, a aceleração da compra, tantas vezes por impulso, fez nascer a fast fashion. Segundo o Fashion for Good, entre 2000 e 2015 o número de itens produzidos mais do que duplicou – com o correspondente impacto ambiental e o agravamento das condições dos trabalhadores dos países com mão de obra mais barata e desprotegida.

Porém, em 2013, o colapso da fábrica têxtil de Rana Plaza (Bangladesh), matando e ferindo milhares trabalhadoras, e, em 2015, a celebração de dois acordos internacionais – os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas e o Acordo de Paris sobre o clima –, a par e o lançamento do documentário “The True Cost”, sobre os impactos da indústria da moda, marcaram o início de um novo paradigma na forma de estar tanto dos consumidores, como dos produtores.

A sustentabilidade da indústria da moda começa no consumidor, nomeadamente, no uso consciente e prolongado dos itens e na exigência de garantias por parte dos produtores, tais como, certificações e revelação dos impactos das cadeias de valor. A transparência é imperativa: designers, marcas e indústria devem trabalhar em conjunto para disponibilizar informação clara e detalhada sobre a história de cada peça, através dos chamados passaportes digitais, para que os consumidores possam fazer do consumo um ato de cidadania.  

Foi neste contexto que nasceu o projeto be@at, desenhado por um consórcio de 54 entidades, do qual o BCSD Portugal faz parte. O objetivo é apoiar a indústria têxtil nacional a acelerar a transição para um paradigma de bioeconomia circular, isto é, sustentável. O BCSD Portugal irá promover iniciativas ligadas à inovação e à capacitação das empresas do setor, algo que faremos em parceria com a ModaLisboa e o Portugal Fashion. Eco design, eco materiais e eco engenharia serão o mote dos nossos programas de ideação e aceleração, que irão juntar designers, marcas e indústria, até ao final de 2025. Por exemplo, já existe couro vegan português feito a partir de cogumelos e tingimentos coloridos criados em laboratório por… bactérias.  

No fundo, o que o paradigma da sustentabilidade nos pede é apenas que sejamos conscientes na nossa forma de habitar o planeta – o que implica um regresso à natureza e a estilos de vida mais humanos e frugais.

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