Em 2021, a conferência anual do BCSD Portugal abordou os desafios e oportunidades para a década 2020-2030, num momento de crise pandémica, mas também em que a Comissão Europeia acabava de assumir um forte compromisso para com a sustentabilidade ambiental e social do modelo de desenvolvimento europeu, através do Pacto Ecológico Europeu. Até 2030, o envelope financeiro que o acompanha é superior a um bilião de euros.
Passados dois anos, e apesar de nos voltarmos a confrontar com desafios sérios e urgentes – tais como, a inflação, o aumento das taxas de juro, e diversas crises políticas e geopolíticas –, os desafios ambientais e sociais – a que também urge dar resposta – não só persistem, como em muitos casos se agravaram. Assim, e dispondo apenas de sete anos para atingirmos os objetivos fundamentais para o futuro da Humanidade, delineados pela União Europeia e pelas Nações Unidas, voltaremos a refletir sobre os desafios e caminhos para a década. Mais do que nunca, as empresas têm um papel chave para sermos capazes de transitar para um paradigma de desenvolvimento que seja sustentável, idealmente regenerativo.
As condições geofísicas necessárias à permanência da vida humana na Terra continuam em risco, bem como a coesão social e a vitalidade das nossas democracias, sem o que os nossos modelos de desenvolvimento nunca serão duráveis. No que toca às empresas, e dado que representam hoje 69 das 100 maiores economias do mundo, seja pelos seus impactos sociais e ambientais, seja pela sua forte capacidade de investimento e inovação, o seu contributo é cada vez mais necessário – e não apenas ao nível da geração de riqueza.
Assim, um dos principais desafios do século XXI é o de assegurar que as empresas são veículos de geração de valor para todos os seus stakeholders (não apenas para os seus clientes e investidores), bem como para o planeta, isto é, para as futuras gerações. Para as empresas, trata-se de uma nova modalidade de valor, por definição partilhado e não monetizável no imediato. A boa notícia é que essa transição das empresas para um propósito maior do que o da geração de lucro, é não só necessária para a nossa qualidade de vida e permanência na Terra, mas também – e cada vez mais – para a sua própria competitividade e resiliência. As empresas serão cada vez mais julgadas pela sua capacidade para também gerar valor social e natural.
Em suma – e citando o título do último livro do entrevistado nesta edição das “Conversas sobre Sustentabilidade”, Adolfo Mesquita Nunes –, estamos todos confrontados (empresas e não só) com uma “grande escolha”: a de assumirmos de vez um novo paradigma de desenvolvimento. Ou seja, urge abandonar de vez o paradigma de desenvolvimento em que assentou a Revolução Industrial, altamente extrativo, linear, desigual e assente em combustíveis fósseis – isto é, altamente insustentável.
A Conferência Anual do BCSD Portugal “Empresas com propósito – desafios e caminhos para 2030” terá lugar no dia 28 de junho, na Alfândega do Porto. Nela abordaremos os desafios e oportunidades desta década para as empresas, dando particular atenção a seis setores decisivos para a transição para a sustentabilidade.
Encontramo-nos lá?