Sónia Cardoso
Diretora de sustentabilidade da Sonae
Nos últimos anos, assistimos a uma crescente adoção de critérios ESG como referência para avaliar o desempenho das organizações em matéria ambiental, social e de governação. Esta evolução é positiva e necessária. Mas importa clarificar: ESG e Sustentabilidade não são a mesma coisa — e confundir os dois pode limitar a ambição de quem quer verdadeiramente criar impacto positivo.
Os critérios ESG funcionam como instrumentos de gestão de risco e transparência, permitindo às empresas medir, reportar e melhorar o seu desempenho em temas materiais. São, portanto, uma linguagem comum de avaliação, crucial para investidores e stakeholders, mas representam o “como” das práticas empresariais — não o “porquê”.
Já a sustentabilidade é uma visão transformadora de criação de valor de longo prazo, que exige ir além da mitigação de impactos. Trata-se de construir modelos regenerativos, inclusivos e resilientes. Sustentabilidade é, por natureza, estratégica. É uma ambição coletiva que procura alinhar o sucesso empresarial com o bem-estar das pessoas e do planeta.
Na Sonae, acreditamos que a sustentabilidade deve ser o norte estratégico de qualquer organização que queira prosperar a longo prazo. É ela, totalmente integrada na estratégia e gestão do Grupo, que nos distingue, que mobiliza as nossas equipas e que nos permite contribuir para uma sociedade mais justa, inclusiva e resiliente.
A nossa atuação organiza-se em cinco eixos estratégicos: a integração de critérios ESG na gestão, reforçando práticas transparentes e responsáveis; a descarbonização, promovendo a transição para fontes de energia limpas; a valorização da biodiversidade e da água, através da proteção e regeneração dos ecossistemas; a promoção da circularidade, com modelos que reduzem o desperdício e otimizam recursos; e o foco no desenvolvimento humano, criando ambientes inclusivos e investindo nas comunidades.
Medir o progresso é essencial — e é aí que os critérios ESG nos ajudam. Mas medir não chega para nos fazer mover. É preciso cruzar a visão e a ação nos processos de tomada de decisão, com ambição, ética e coragem.
Na Sonae, usamos os critérios ESG como ferramentas para avaliar e melhorar continuamente as nossas práticas, mas é a nossa visão sustentável que nos desafia a inovar e a liderar pelo exemplo. Acreditamos que a verdadeira transformação ocorre quando as empresas alinham métricas com propósito, adotando uma abordagem holística e de longo prazo.
Fazer este caminho é desafiante, mas está ao alcance de todas as organizações. Ao usarem os critérios ESG como base de avaliação e abraçarem a sustentabilidade como uma oportunidade na estratégia de negócio, poderão dar passos para a criação de valor económico, social e natural — de forma integrada, consistente e transformadora.
Porque o futuro tem de ser sustentável. E as organizações que hoje souberem conjugar métricas com propósito, vão liderar esse futuro. Medir é importante, mas transformar é urgente.